Em 11 de abril de 1862, nascia em Pindamonhangaba o homem que mudaria para sempre o combate a epidemias no Brasil, especialmente a da febre amarela. Contemporâneo dos também médicos sanitaristas Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz e Vital Brazil (este o primeiro diretor e fundador do Instituto Butantan), Emílio Ribas é patrono da saúde pública do estado de São Paulo e um dos precursores da ciência e medicina tropical no Brasil.
Emílio Marcondes Ribas era filho de Cândido Marcondes Ribas e Andradina Marcondes Machado Ribas. Faleceu em 19 de dezembro de 1925, na cidade de São Paulo.
Estudou medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e se formou no ano de 1887. Retornou à sua cidade natal e se casou com Maria Carolina Bucão Ribas, iniciando sua carreira nas cidades de Santa Rita do Passa Quatro e Tatuí.
Foi nomeado inspetor sanitário em 1895 e teve oportunidade de combater várias epidemias tanto na capital, quanto em cidades do interior do Estado de São Paulo.
Em 1896, foi nomeado médico chefe da comissão sanitária em Campinas. Foi nomeado diretor-geral do serviço sanitário em 1898, exercendo esse cargo por 20 anos.
Em Campinas, suas campanhas contra a febre amarela obtiveram enorme êxito e se estenderam a várias outras cidades do Estado.
Sofreu no decurso do seu trabalho, forte oposição daqueles que se mantinham apegados à ideia do contágio e não conseguiam compreender que era possível combater a febre amarela pela remoção de criadouros de mosquitos e de águas paradas em geral.
Antes mesmo que pudesse confirmar a sua tese, ele a aplicou com eficiência em Campinas, atacando todas as fontes criadoras de mosquitos, removendo reservatórios de água parada, ratificando o córrego que margeava a cidade, entupindo poços, drenando quintais e proibindo o uso de tinas para a lavagem de roupas. Com essa medidas, estima-se que 6.000 viveiros de pernilongos foram extintos.
Para convencer os seus opositores, em 1903, Emilio Ribas, Adolfo Lutz e dois voluntários se deixaram picar por mosquitos experimentalmente infectados, criados pelos médicos a partir do estado de larva. A experiência foi repetida com mais dois voluntários, Januário Fiore e André Ramosa a quem os médicos explicaram todo o risco que iriam correr. Outra experiência realizada em abril daquele ano, colocou 03 voluntários italianos recém chegados em contato com secreções e lençóis usados por doentes com febre amarela. Todos esses eventos ocorreram no Hospital de Isolamento, atual Instituto de Infectologia Emilio Ribas.
Como resultado, alguns que foram picados pelo mosquito desenvolveram a febre amarela típica e em outros uma infecção mais leve. Aos italianos que estiverem em contato com roupas e objetos usados e sujos dos doentes nada aconteceu.
Ainda em 1903, Emilio Ribas apresentou a sua experiência no 5º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, defendendo a tese de que os meios de defesa válidos para a eliminação da moléstia deveriam dirigir-se à eliminação dos mosquitos vetores, e não aos meios apregoados pelos “contagionistas”.
Nesse mesmo ano, a febre amarela foi declarada extinta em todo o Estado de São Paulo.
As ações de combate à febre amarela, preconizadas por Emilio Ribas romperam as fronteiras do Estado de São Paulo e foram aplicadas por Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, com o mesmo êxito.
Emílio Ribas ainda atuou, ao lado de Vital Brasil, para combater a peste bubônica que atingiu a cidade de Santos. Foi ele quem alertou o Estado de São Paulo a produzir localmente o soro antipestoso, que era importado. O governo comprou uma fazenda nos arredores da cidade de São Paulo e nessa área, Vital Brasil fundou o atual Instituto Butantan.
Incansável e dedicado, o cientista Emilio Ribas preocupou-se com a lepra e a necessidade de isolamento dos leprosos, desde que não se ferisse a dignidade dos doentes. Idealizou o santório Santo Ângelo, o primeiro com características mais humanas de assistência aos hansenianos no Brasil. Preocupado em atacar o problema da tuberculose, pensou em construir em Campos do Jordão, um hospital para doentes. Para driblar a dificuldade de acesso à cidade, idealizou e construiu junto a Victor Godinho, a Estrada de Ferro. Estudou a forma atenuada da varíola, o alastrim, levando os seus trabalhos aos grandes centros científicos, onde foram discutidos e acatados.
Nas palavras de Borges Vieira, citado por Jolumá Brito “Campinas deve orgulhar-se de ter sido a usina sanitária em que Emilio Ribas, o precursor da profilaxia da febre amarela no Brasil, trabalhou o extraordinário feito da nossa higiene pública”.
