Antoine Hercule Romuald Florence nasceu em Nice (França), em 29 de fevereiro de 1804 e faleceu em Campinas, em 27 de março de 1879. É reconhecidamente o inventor da fotografia no Brasil.
Hercules Florence, nome adotado quando mudou-se para o Brasil aos 21 anos de idade, foi um desenhista, pintor, inventor e empresário.
Com espírito inquieto, gostava de criar, viajar e superar-se a si mesmo. Em 1824, aceitou o convite do capitão de fragata, Duchampe de Rosamel, e embarcou no Marie Thereze, com destino à América do Sul, aportando na baía de Guanabara, após 45 dias de viagem.
Pintor de profissão, empregou-se em uma tipografia no Rio de Janeiro, por 04 meses. Ao tomar conhecimento do anúncio de jornal, onde o Barão de Langsdorff, cônsul-geral da Rússia no Brasil, procurava por um desenhista para acompanhá-lo em uma expedição científica pelo interior do país, Florence se candidatou e foi contratado como segundo desenhista.
Finda a expedição, Florence retornou a Itu e casou-se com Maria Angélica Álvares Machado e Vasconcelos, filha do médico e parlamentar paulista Francisco Álvares Machado e Vasconcelos. O casal escolheu a Vila de São Carlos (futuramente, Campinas) para viver. Tiveram 13 filhos. Maria Angélica faleceu em 1850, aos 36 anos. Hercules Florence voltou a se casar. Sua segunda esposa foi a educadora Carolina Krug, com quem teve 07 filhos.
Do primeiro casamento herdou a fazenda Soledade, onde estabeleceu uma colonia de trabalhadores livres, assim contribuindo para a extinção da escravatura.
Com a segunda esposa, Carolina Krug, fundou o Colégio Florence, instituição pioneira na educação feminina em Campinas.
Em 1836, viajou ao Rio de Janeiro e com as suas economias adquiriu uma tipografia.
Com a declaração da Revolução de 1842, Florence colocou o prelo a serviço do movimento e começou a imprimir “O Paulista”. Mais tarde, em 1858, a tipografia foi vendida aos irmãos Teodoro – João e Francisco – que fundaram o primeiro jornal de Campinas, chamado “Aurora Campineira”.
Entre as invenções de Florence estavam: um jornal, utilizando como aparelho impressor uma máquina tipo mimeógrafo; a zoofonia, registro da voz dos animais em pautas; os experimentos da fixação da imagem pela luz solar (a photografie) e o “papel inimitável” para dinheiro e valores.
Foi pelas mãos de Boris Kossoy, na década de 1970, que os experimentos de Hercules Florence para criar a fotografia se tornaram mundialmente conhecidos e, posteriormente reconhecidos.
Boris Kossoy é fotógrafo, pesquisador e historiador. Em 1972, escreveu uma série de reportagens para o suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo, sobre a “História da Fotografia no Brasil”. Em suas investigações sobre o assunto acabou por descobrir a existência de 06 diários de Hercules Florence, que estavam sob a guarda de seu bisneto, Arnaldo Machado Florence.
Ao mergulhar nas anotações dos diários, Kossoy não teve dúvidas de que Hercules Florence havia descoberto a fotografia. O resultado de sua pesquisa culminou no livro “Hercules Florence – 1833: a descoberta isolada da fotografia no Brasil”, lançado em 1976.
A partir daí, Kossoy empreendeu uma verdadeira maratona para colocar Hercules Florence dentro do cenário técnico científico como um dos inventores da fotografia. Viajou a diversos países, sempre munido de vasta documentação, até ver o seu esforço recompensado, após 16 anos desde suas primeiras investigações. Em 1988, a foto de Florence passou a integrar o folheto de divulgação do colóquio de Cerisy-la-Salle, ao lado de pioneiros como o inglês Talbot, os franceses Niepece e Daguerre, todos precursores da fotografia. Florence é verbete da Encyclopaedia of Photograph, publicada nos Estados Unidos.
A rua que hoje leva o seu nome recebeu essa designação por proposta do vereador João Bierrembach, aprovada na sessão de 21 de janeiro de 1884.
