Cônego Nery

Cônego Nery

Rua Cônego Nery

João Batista Correia Nery, primeiro bispo de Campinas, nasceu nesta cidade em 6 de outubro de 1863 e faleceu em 1º de fevereiro de 1920. Era filho de Benedicto Correia de Morais, sapateiro, e Maria do Carmo Neves.

De família humilde, cursou gratuitamente seus estudos primários no Colégio Culto à Ciência, graças a Campos Sales, diretor do colégio na época.

Em 1880 ingressou no curso de Teologia do Seminário de São Paulo, onde foi ordenado presbítero em 11 de abril de 1886.

Foi vigário da Matriz Velha, paróquia de Santa Cruz (atual paróquia Nossa Senhora do Carmo), em Campinas entre 1887 e 1894, depois vigário da paróquia da Conceição. Em 1889, foi nomeado Cônego honorário do Cabido Diocesano de São Paulo, em 1896 primeiro bispo de Vitória, no Espírito Santo e em 1901, passou a primeiro bispo de Pouso Alegre em Minas Gerais. Em 3 de agosto de 1908 foi enfim eleito primeiro bispo de Campinas.

Caridoso e sempre pronto a socorrer os necessitados, auxiliou no combate à epidemia de febre amarela que se abateu sobre Campinas em 1889, organizando uma sociedade protetora dos pobres. Diante do cenário desolador em que a cidade ficou, planejou e fundou uma escola destinada à educação de jovens operários que veio a se tornar o Liceu de Artes e Ofícios de Campinas, posteriormente ficando aos cuidados da Congregação Salesiana.

Foi também um grande incentivador do teatro amador, revelando seu amor por esta arte ainda quando jovem estudante. Fundou uma sociedade amadora chamada Ravena Dramática, para a qual escreveu várias peças que eram geralmente representadas por alunos de colégios católicos. Foi responsável pela construção de um teatro para amadores locais e em 1913 fundou a primeira escola de amadores, o Grupo Teatral Benedito Octávio, composto por ex-alunos do Dom Bosco.

Como bispo de Campinas, muitas foram suas outras obras sociais, dentre elas a criação do Externato São João e Creche Bento Quirino, junto à Igreja de São Benedito, da Escola Agrícola junto ao Liceu Salesiano, Seminário e Colégio Diocesanos, e também fundação do jornal católico O Mensageiro, que antecedeu A Tribuna.

Distinguiu-se também como um grande orador e por sua atuação em estudos históricos, o que levou a sua admissão como sócio no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Após sua morte, um monumento em sua homenagem foi inaugurado na Praça José Bonifácio (Largo da Catedral) em 1º de novembro de 1924. Também foi colocado um busto em bronze no jardim do Liceu Salesiano em 1935.

Links

Ata da Sessão de 7 de julho de 1905

Referências

BATTISTONI FILHO, Duílio. Vida cultural em Campinas (1920-1932). Campinas, SP: Komedi, 2008. p. 70.

BRITO, Eliane Maria. A romanização no Espírito Santo: D. João Nery (1896-1901). 2007. Dissertação (Mestrado em História Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-26022008-131212/publico/DISSERTACAO_ELIANE_MARIA_BRITO.pdf Acesso em: 31 jul. 2023.

CAPELATO, Rafael. Dom João Batista Corrêa Nery. Diponível em: http://arquidiocesecampinas.com/clero/dom-joao-batista-correa-nery/ Acesso em: 31 jul. 2023.

GOULART, Edmo. Campinas: ruas da época imperial. Campinas, SP: Maranata, 1983. 141 p., il. p. 113.

TOLEDO, Maria Conceição Arruda. Academia Campinense de Letras: patronos, fundadores e titulares. Campinas: Komedi, 2006, p. 110.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Monografia histórica do município de Campinas. Rio de Janeiro: IBGE, 1952. p. 371.